domingo, 1 de março de 2015

As Lavadeiras e a Transfiguração de Jesus

“Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar” (Mc 9,3).


A Transfiguração de Jesus é comparada ao branquear das roupas. É bonito demais ver que o texto bíblico procura explicar o mistério da Transfiguração do Senhor por meio de algo tão simples, comparando-a com um trabalho tão humilde e ao mesmo tempo tão comum.
Não resta dúvida de que a mensagem de Jesus é dirigida de forma privilegiada aos "pequeninos" (cf. Mt 11, 25), isto é, aos simples, aos humildes e aos pobres. No coração da Igreja está a opção preferencial pelos pobres (cf. DAp, n.391).

As lavadeiras, as faxineiras, as domésticas, as mulheres do lar e muitas outras compreendem muito bem o que este texto está dizendo. De alvejar e, portanto, de transfigurar, elas entendem. Como não valorizar o trabalho dessas pessoas de que o texto bíblico se ocupa? Por que em nosso meio elas, mas também os lixeiros, faxineiros, porteiros, homens que trabalham na manutenção e muitos outros são tidos como inferiores? Seu trabalho é menos digno do que outros? Deveríamos desejar que nossa profissão fosse o exemplo de comparação da Sagrada Escritura quando nos fala dos mistérios da vida de Jesus.

Felizes as lavadeiras, porque de modo particular, Deus revelou a elas a compreensão de sua manifestação gloriosa na Transfiguração!


Música que trabalha brilhantemente essa ideia: Trabalhadores Padre Zezinho.mp3 

 Jesus, revestido de glória e esplendor em sua Transfiguração diante de seus discípulos nos alerta para que também nós, revestidos de Cristo (cf. Rm 13,14), possamos partilhar de sua glória eterna. Com esse gesto, Jesus dignifica o homem sem fazer distinção entre lavadeiras e banqueiros. Um exemplo e tanto! 

Verdadeiramente tomarão parte da glória eterna com Deus aqueles que não "gloriaram-se" entre os homens, porque esses já tiveram a sua recompensa (cf. Lc 16,25).

Rezemos pelas lavadeiras e queiramos ser como elas.


Um comentário:

Unknown disse...

Que linda reflexão, João! Sensível e poético, nos ajuda a ver com os olhos de Deus. Parabéns!