sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Flamula Laranja


Olho daqui de cima com a flanela na mão, da janela dos andares desse prédio, dos vidros que serão olhados se eu limpei. É a aparência o que importa! Gostam do esmero exterior. Eu limpo a sujeira deles.

Flanela agitada flamejando velozmente na transparência do vidro. O sol bate forte e alaranjante enquanto esfrego para me livrar de toda a sujeira que impede que eu veja além...O que vejo do outro lado? Vejo no meu reflexo o suor pingar-me qual água pura de bica. Água transformada em vinho, fez meu Jesus. Suor e calor transformados em pão para os filhos, faz a doméstica milagrosa.

 Aquele tecido inquieto, com movimentos tão perfeitos, meticulosamente ordenados são uma verdadeira sinfonia tocada à transparência do vidro. Toda limpeza de vidro é uma orquestra. Toda Faxineira é Maestra. E o som do pano esfregado contra a superfície lisa é canto dia e noite Cinderella que não chora, mas esfrega.

Socorre-me de minha mesquinhez e abana-me tua flamula benta, ó Santas Mulheres!



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