segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Férias da Catequese: Hora de Avaliar a Caminhada

Quando era criança, lembro que no fim do mês de novembro, para o comecinho do mês de dezembro, minha catequista nos dava férias dos encontros de catequese, mas não deixava de repetir: “Gente, vocês estão de férias da catequese, mas não de Deus!”. Nas missas dos domingos seguintes e nas celebrações de Natal e Santa Mãe de Deus no Ano Novo, ela estava na comunidade também. Muitas comunidades paroquiais pelo Brasil afora nesse período suspendem os encontros de catequese. É bem verdade que em alguns lugares há apresentações de Natal com encenações, corais, novenas de Natal com a comunidade reunida e nas casas das famílias, além de uma imensidão de outras propostas e iniciativas válidas para viver bem o tempo do Natal. Entretanto, para os catequistas, além de uma pausa restauradora nas atividades, esse tempo é propício para avaliação, planejamento e formação .

Antes de PLANEJAR ou propor momentos FORMATIVOS é preciso AVALIAR a caminhada!

Avaliar é sempre o primeiro passo. Feito isso, eu e o meu grupo de catequese teremos condições de pensar melhor o que estamos fazendo e as melhores maneiras de atingir o nosso objetivo que, no caso da catequese, é sempre fazer discípulos missionários de Jesus Cristo. A necessidade da formação também nasce dessa reflexão, pois é no processo de avaliação que o grupo dá-se conta dos pontos que precisa corrigir, aprimorar e aprofundar. 
Uma maneira fácil e prática de fazer uma avaliação é usando o método dos três “Q”: 

QUE BOM! Consiste em apontar os pontos positivos, as conquistas e o que deu certo durante o ano e partilhar com todo o grupo. 
QUE PENA! Consiste em apontar os aspectos pouco proveitosos, os episódios e propostas que não aconteceram como esperado e precisam ser repensados ou superados para o próximo ano. 
QUE TAL? Consiste em sugerir o novo. Aqui, já é planejamento! Trata-se de decidir em repetir ou não aquilo que deu certo, repensar o que precisa ser melhorado e propor outras ideias que pareçam convenientes para a catequese paroquial. 
O método dos três “Q” é proveitoso e pode ser usado na avaliação de qualquer pastoral ou grupo que queria rever a caminhada feita até agora. 

UM MÉTODO AVALIATIVO APROFUNDADO 

Apresentamos a você um método de avaliação que pretende ser mais comprometido com a prática da catequese e que pode ser muito vantajoso na hora em que o grupo for planejar ou pensar em uma proposta de formação para os catequistas. É importante que o grupo todo participe e responda às questões individualmente e com honestidade.


Depois que todos responderam às questões, as respostas são partilhadas pelo grupo. Em seguida, os catequistas fazem o estudo dos comentários a cada questão e, então, podem priorizar o planejamento e a formação sobre aquilo que lhes parece mais importante no momento. O importante é reunir todo mundo para uma boa conversa sobre a catequese da paróquia!

PARA O ESTUDO DAS QUESTÕES DE AVALIAÇÃO    

1)      Você dá seus encontros de catequese sozinho ou em equipe?

a)      Sozinho      b) Dupla    c) Em equipe
“Jesus enviou seus discípulos dois a dois” (Cf. Mc 6,7)
Dois pensam melhor do que um e dois fazem muito mais do que um! Não é bom que o catequista esteja só. Se um faltar, o outro está a postos. A dupla ou grupo de catequistas precisa estar em sintonia, saber cultivar a comunhão no grupo. Isso significa preparar os encontros juntos, dividir as tarefas e funções, nada de “você faz a oração inicial e eu o restante”. Não é bom também que haja uma hierarquia em que um é catequista e o outro é só “auxiliar”. Todos são catequistas, mesmo aqueles que estão vivendo uma etapa de experiência inicial. Muita gente para o mesmo grupo de iniciandos pode atrapalhar, mas não podemos perder de vista que o catequista não é uma ilha isolada, a comunhão com os outros é essencial!

2)      Na sua comunidade os catequistas se reúnem? Com que frequência?
 a) Sim   b) Não.          Se sim, qual a frequência?
“Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei entre vós” (Mt 18,20)
As reuniões ajudam para que o grupo seja, como o próprio nome já diz, um grupo de catequese. Essas reuniões servem para planejamento, preparar encontros, partilhar experiências, avaliar as atividades feitas, etc. É fundamental que os catequistas estejam, ao menos em parte, tratando dos mesmos conteúdos e conduzindo os encontros da mesma forma. As reuniões servem para organizar essas questões.  Temos que nos perguntar: Nessas reuniões tratamos de quais assuntos?  Ou ainda: Por que não nos reunimos? O que nos impede? O ideal seria que o grupo se reunisse ao menos uma vez no mês.

3)      Quanto tempo dura o seu encontro de catequese?
“Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus” (Ecl 3,1)
A duração do encontro de Catequese depende muito do que se faz nele. Não há um tempo ideal. A nossa preocupação não deve ser exatamente com o tempo que se gasta com os encontros, mas como se gasta esse tempo. É verdade que para que um encontro seja desenvolvido dentro do Método VER – ILUMINAR – AGIR - CELEBRAR, por exemplo, uma hora e meia, no mínimo, é necessária.

4)      Qual é a faixa etária dos seus iniciandos?
“Jesus ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 52)
É evidente que aqui, temos uma questão séria, talvez uma das mais urgentes que precisa ser revista! A catequese precisa respeitar as idades e a maturidade de crianças, jovens e adultos para que elas possam desenvolver o seu próprio crescimento de fé. A catequese fala a linguagem da criança, do adolescente, do adulto e por isso os evangeliza e os ajuda a aprofunda a fé.  Nesse sentido, crianças e adolescentes de “7 a 13” ou “8 a 14” anos na mesma turma é um problema extremamente preocupante!
Nossa Catequese, ao contrário do que muitos pensam, não é somente a preparação de crianças para a Eucaristia. A Catequese compreende toda a educação da fé de todos aqueles que buscam o Batismo para si ou para outros, de adultos, jovens e crianças que estão sendo, de alguma forma, catequizados e que participarão da mesa eucarística ou receberão o Crisma. Também há aqueles que se preparam para celebrarem o sacramento do Matrimônio e tantos outros que participam das mais diversas iniciativas de educação da fé presentes em nossas comunidades. Todos estes estão dentro do processo de Catequese. A Igreja no Brasil se esforça para que a catequese deixe de ser apenas “sacramentalista” para ser uma catequese de mensagem, que fale para a vida de quem é catequizado. Na prática isso significa deixar de acentuar somente a dimensão de preparação dos sacramentos e levar em consideração a pessoa em sua totalidade. Isso quer dizer que inclusive alguns critérios para a organização de nossas turmas precisam “estar em alta” mais que outros, dentre eles destacamos a Catequese conforme as idades. Hoje, na maior parte das comunidades temos turmas de 1ª Eucaristia, de Crisma, algumas de perseverança e raramente outras modalidades de catequese e as organizamos segundo o critério dos sacramentos (quem está se preparando para 1ª eucaristia, fica na turma de quem vai se preparar para 1ª eucaristia e etc). Critério válido, mas que precisa ceder lugar a outro ainda mais importante: o critério das idades. O que fazer com um jovem que em idade de Crisma não é se quer batizado? O que fazer com um adulto que não recebeu a Eucaristia, mas o grupo de adultos está se preparando para o Crisma? Onde “encaixá-los” na Catequese? Não há necessidade de improvisos! O Diretório Nacional de Catequese é claro nos números 180 a 200 e lá diz: “A catequese conforme as idades é uma exigência essencial”, sendo assim, que cada iniciando seja inserido em grupos conforme a sua idade. O jovem do caso acima em idade de Crisma, não havendo turma de jovens iniciandos ao Batismo e Eucaristia, participa no grupo de crismandos e celebra todos os sacramentos, conforme sua maturidade e no tempo adequado. O mesmo para o adulto, pois, inclusive, a catequese de adultos deve prepará-lo para celebrar todos os sacramentos da iniciação (Batismo, Eucaristia e Confirmação), conforme nos orienta o Ritual da Iniciação Cristã de Adultos. Certamente que “agrupar” iniciandos, das mais diversas etapas segundo as suas idades não resolverá todas as dificuldades que temos em nossa Catequese, mas é, sem dúvida, um grande passo para uma Catequese mais encarnada na realidade uma vez que os catequistas adéquem a linguagem utilizada durante os encontros à faixa etária do grupo.
O critério das idades precisa ser levado mais em conta do que a divisão por sacramentos “ainda não recebidos”; Eis um exemplo de organização:
7 a 8 anos: Catequese de 1 ª Eucaristia para crianças nessa idade (diferente de pré-catequese), supõe-se a fase da alfabetização;
9 a 10 anos: Catequese de 1 ª Eucaristia para crianças nessa idade; é a fase tradicional para este tipo de catequese;
11 a 13 anos: Catequese de 1 ª Eucaristia para pré-adolescentes nessa idade; para os que já fizeram 1º Eucaristia, sugere-se catequese de “perseverança” e não Catequese de Confirmação (Crisma);
14 a 16 anos: Catequese de Crisma. Os jovens ainda não batizados ou que ainda não fizeram 1ª Eucaristia sejam inseridos nessas mesmas turmas de Confirmação e no tempo oportuno celebrem os outros sacramentos.  Deve-se evitar adolescente e crianças nas mesmas turmas, mesmo sendo todos iniciandos de catequese eucarística;
17 a 18 anos: Esta já é a fase da juventude propriamente dita. Independente do sacramento que estejam se preparando para receber, não havendo um grupo específico para essa faixa etária, eles devem ser inseridos no grupo de catequese com adultos, ou dependendo da maturidade do jovens, no grupo de Catequese de Crisma.
18 a 59 anos - aproximadamente: Independente do sacramento que estejam preparando para receber, eles devem ser inseridos no grupo de catequese com adultos.
60 anos em diante: Catequese com idosos. Independente do sacramento que estejam preparando para receber, eles devem ser inseridos no grupo de catequese com idosos, caso não tenha o grupo, sejam inseridos na catequese com adultos.
O critério mais importante não é o sacramento que se prepara para receber, mas sim a idade dos iniciandos! Qualquer mudança deve ocorrer após a conscientização do grupo de catequistas de que é importante organizar os iniciandos conforme as idades.

5)      A sua turma tem quantos iniciandos?
“Jesus chamou para junto de si a multidão e disse: ‘Ouçam e entendam’” (Mt 15, 10)
O número de iniciandos por turma reflete o número de catequistas e a demanda de procura por catequese.  Hoje a Igreja fala da importância de promover uma catequese personalizada, de atendimento pessoal e de conhecer o iniciando...  Ora, essa atitude só é possível se o catequista conseguir fazê-lo também durante os encontros de catequese, por essa razão, o número de iniciandos não pode ser tão grande. 15 iniciandos já é um número muito alto! Sabemos também que muitas vezes a procura por catequese é maior que o número de catequistas, por isso as turmas ficam repletas. É importante, portanto, esforçar-se por aumentar o número de catequistas e melhor dividir o número dos iniciandos. Mas, um iniciando não deve ser impedido de começar a catequese porque uma turma já estar “cheia”, mas a comunidade precisa estar atenta a aqueles que podem ajudar na catequese.

6)      Você tem problemas de indisciplina ou desinteresse dos iniciandos durante os encontros de catequese?
a) Sim    b) Não
“Eu estendo as minhas mãos para um povo desobediente e rebelde” (Rm 10, 21)
Constata-se, às vezes, a falta de motivação, respeito e educação. Crianças que não sabem obedecer, adolescentes e jovens que se comportam de forma desrespeitosa e até adultos irreverentes que parecem não conhecer o valor do sagrado. Tudo isso chamamos de indisciplina. A Catequese ajudará para uma convivência mais sadia.
Muitas vezes a falta de motivação é causada pela obrigação à catequese. Nesse caso, o catequista precisa de simpatia e de ser claro nos assuntos que expõe. Além disso, em todos os casos é bom conhecer o iniciando pelo nome, visitá-lo, cumprimentar pela rua e conversar com ele em outros momentos fora da catequese. Também é importante preparar os encontros fazendo a ligação dos temas com a vida deles, de modo que aprendam atitudes melhores.
O jeito do catequista de ser simpático é diferente de mimar. É preciso estar atento também para não ser “violento” no modo de falar. O catequista não é alguém que fica gritando, mas sabe falar firme quando necessário. Há iniciandos que passam por problemas em casa, na escola e, por isso, são violentos, outros são silenciosos demais ou "do contra". Embora seja compreensivo, é preciso mostrar que não é permitido um comportamento que atrapalhe o encontro. Converse em particular e dê certo gelo nos “estrelistas” que fazem tudo para chamar a atenção.
Com o mal-educado repreenda-o com firmeza, mas com educação. É preciso pegar no pé e corrigir todas as vezes que ele apresentar um comportamento ruim, demonstrando a sua insatisfação com essa atitude! Com o violento, é preciso ficar bravo e não permitir agressões. Converse com o agressor a parte, não exercer "proteção" ao mais fraco e estimule o perdão e a reconciliação. Com os engraçadinhos, ganhe a sua confiança e sua simpatia, converse em particular. Ao mal-intencionado (aquele que faz brincadeiras maldosas), diga que suas “brincadeiras” não são engraçadas ou se quer boas, deve-se mantê-lo perto e isolá-lo do grupo por um tempo, se for necessário. Se o problema persistir, converse com o padre e com o pais, peça ajuda.
O valor do sagrado, o senso religioso é despertado através da prática da oração e de momentos celebrativos que proporcionem uma experiência de espiritualidade adequada.

7)      Você conhece a maior parte dos pais ou responsáveis de seus iniciandos crianças ou jovens, ou ainda, os familiares de seus iniciandos adultos?
a ) Sim  b) não
“Imediatamente ele foi batizado junto com toda a sua família” (At 16, 33)
Acontece que pais, familiares e responsáveis aparecem na Igreja, vão à Missa, e nós nem se quer sabemos quem são eles, como se chamam, não vamos até lá cumprimentá-los, perguntar se está tudo bem. Acabamos por cultivar uma relação fria e distante, portanto estérea.

8)      Você já visitou os seus iniciandos?
a) Sim  b) Não
“Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em sua casa” (Lc 19, 5)
As visitas são fundamentais para se criar laços com os iniciandos e suas famílias.  Elas são um “aproximar-se” e uma maneira de mudar a relação de pais-responsáveis com o catequista como professor (normalmente os pais e responsáveis agem e fazem perguntas como se estivessem falando com um professor da escola de seus filhos – querem saber se ele se comportou, se está aprendendo, quando terá...”aula”, etc...). O catequista passa a conhecê-los e ser amigos destes para que a família do iniciando seja sua aliada na evangelização do iniciando. Para os mais velhos, visitar é sinal de intimidade e de amizade. O catequista que não for próximo de seus iniciandos dificilmente terá êxito na sua missão evangelizadora.

9)      Você prepara o seu encontro de catequese com antecedência?
a ) Sim   b ) Não
“Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a ceia pascal” (Mt 26,19)
Improviso só atrapalha! E não me venha com aquela que o Espírito Santo é que vai te ajudar na hora do encontro soprando no seu ouvido tudo que Ele quer que você diga... não é assim que funciona! Primeiro é preciso pedir as luzes do Espírito Santo, é verdade! Mas na hora de preparar o encontro. Confira o planejamento que o grupo de catequistas fez e depois estabeleça o objetivo do encontro de acordo com o tema que vai ser tratado. Leia os textos bíblicos, os de apoio, as partes dos subsídios ou dos livros de catequese que pretende usar ou consultar para preparar o encontro. Então, comece a montar o seu encontro! Pense em tudo o que vai usar, em como vai propor e desenvolver cada atividade, no tempo que vai gastar com cada uma delas, etc. Preparar encontros de catequese se aprende preparando e vivendo a experiência dos encontros com os iniciandos!

10)   Qual dessas coisas você já fez ou já usou em sua catequese?

a ) Filme (vídeo, DVD, TV, etc)    b ) Música         c ) Cantar          d) lousa
 e) Cartolina       f) Passeio            g ) Tinta               h) Celebração da Catequese
i ) Dobradura      j ) Lanche Comunitário                   k ) Bíblia           l ) Jogo/brincadeira
“Jesus se pôs a ensinar-lhes muitas coisas em parábolas” (Mc 4,2)
Dentre as razões que justificam o uso ou o não uso desses materiais estão os recursos que a comunidade oferece, as condições financeiras, as habilidades desenvolvidas pelos catequistas, a inclusão de tais recursos ou atividades na preparação dos encontros, etc.
A habilidade dos catequistas de usar tais recursos e materiais está mais ligada a formação prática (oficinas, vivências, laboratórios, workshops, etc), que é diferente da formação teórica (exposições sobre conteúdos, doutrina, teorias metodológicas, etc). Em outras palavras, faz-se necessário criar momentos de formação onde os catequistas usem tais recursos e materiais para depois utilizarem em seus encontros de catequese.
Nessas formações práticas, pode-se acentuar a dimensão celebrativa da catequese - indicada pela inspiração catecumenal que hoje tanto se discute. As celebrações próprias para os iniciandos e mesmo os lanches comunitários, que não deixam de ser momentos celebrativos também, são vivências que contribuem para que os iniciandos criarem gosto pela Celebração Maior, a Missa.
Quanto ao uso da Bíblia na catequese, é bom lembrar que o método da Leitura Orante – Lectio Divina - muito ajudará os iniciandos a se aproximarem da Sagrada Escritura!

11)   Você é catequista faz quanto tempo?
“Eis me aqui, envia-me Senhor” (Is 6,8)
O tempo de catequista do grupo mostra se o grupo é estável e experiente. Da mesma forma, é sempre bom que tenha um número expressivo de catequistas que começaram recentemente, pois são principalmente eles que renovam o grupo e mostram a sua vitalidade! Quando o tempo de catequista é extremamente pequeno, percebe-se uma rotatividade no ministério da catequese, o que não é positivo...e pode ter vários motivos. Isso pode ser contido pela valorização dos catequistas pela comunidade. Celebrar com grande alegria o dia do catequista é uma ótima sugestão! Por outro lado, é importante mostrar aos catequistas mais antigos que há sempre uma constante evolução no modo de pensar a catequese e que certas “atualizações” são necessárias, como a recente discussão sobre a catequese de inspiração catecumenal. Um bom grupo é um grupo equilibrado de catequistas mais experientes e outros mais novos no ministério.

12)   Quais os maiores desafios que você enfrenta na sua catequese?

 a ) As crianças faltam aos encontros de catequese;
b ) As crianças não participam da Missa;
c ) Os pais não apoiam a Catequese;
 d ) Falta apoio do padre e da comunidade;
e ) Catequistas despreparados;
f ) Material da catequese é ruim;
“No mundo tereis aflições. Mas tende coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16, 33)
A ausência dos iniciandos nas Missas. Para muitos catequistas, esse é o maior desafio, pois é o “cume” do processo catequético. Se as crianças, jovens e adultos não participam das celebrações enquanto iniciandos, quem pode supor que participarão quando terminarem a catequese de iniciação?
Com essa preocupação, muitos catequistas tem quase que uma “neurose obsessiva” de que os iniciandos tem que participar das Missas e por isso, cobram a presença deles, pegam no pé e repetem várias vezes o anúncio de que “quem não vem na missa não recebe o sacramento”... Vir à Missa torna-se obrigação como dever imposto. Por mais que haja boa intenção nessa atitude, o máximo que o catequista conseguirá com isso é arrastar alguns iniciandos que participarão das celebrações por pura obrigação e criarão uma aversão à celebração, porque não entendem, não celebram, não participam e não vivem o mistério que ali se dá! Só sabem que tem que estar lá para cumprir com uma obrigação imposta-lhes pelo catequista como condição para o sacramento... E depois, muitos de nós achamos estranho quando terminada a catequese de iniciação, eles vão embora e raramente voltam...

Mas, essa ausência é fruto de uma série de outras questões que devemos  levar em consideração.  Uma delas é a Dimensão Celebrativa da Catequese.

 A ausência de uma catequese litúrgica tem esvaziado a celebração cristã. Refletir sobre essa questão ajuda a entender o porquê de jovens, crianças e também adultos, depois de participarem da catequese e receberem os sacramentos, se distanciam da Igreja. Afinal não foram eles iniciados na fé? Não foram eles “preparados” para serem autênticos cristãos e participarem dos sacramentos? Então por que se afastam da Igreja? É evidente que a questão é complexa, portanto a resposta também não é assim tão simples, há diversos fatores que influenciam. Mas, não se pode desconsiderar o fato de que as nossas catequeses serem mais “aulas” do que encontros é fator agravante, uma vez que não iniciamos nossas crianças, jovens e adultos à celebração, ou seja, eles não são educados na fé para e pela Liturgia. De fato, não adianta trocar o nome de “aula” de catequese para encontro e continuar fazendo as mesmas coisas. Muitas vezes, nos limitamos com encaixes de momentos de oração e celebração, sem ainda uma relação entre fé-vida. Só boa vontade não basta! Participar das celebrações da Igreja, de modo particular da Missa, deve ser algo prazeroso. O catequista precisa aprender a usar os símbolos sagrados, conhecer os ritos, saber conduzir encenações, evangelho dialogado, lectio divina, pequenas procissões litúrgicas, celebrações em conjunto, celebrações da Palavra, a cantar, dançar, realizar oficina e momentos de oração, adoração ao santíssimo, de louvor, de penitência... Explorar o uso de símbolos como a luz,  fogo, pão, chinelo-sandália, cinza, incenso, elementos do ano litúrgico, as cores litúrgicas, lavar as mãos, caminhar, aspergir, imposição das mãos, cânticos com gestos, cruz erguida, gestos e posições do corpo, gestos com as mãos, valorização e significação dos gestos (estar de pé, sentado, ajoelhado, andando, inclinado), tudo isso cria significação do que é celebrar, de modo que os iniciandos têm maior contato com o sagrado, o mistério da fé e são assim introduzidos para a Celebração Maior, a Missa. O RICA (Ritual da Iniciação Cristã de Adultos) sugere um itinerário litúrgico que deve inspirar qualquer processo de catequese. O que podemos fazer para tornar nossa catequese mais celebrativa?
Sendo assim, é nossa missão promover uma catequese litúrgica (e isso significa tornar os nossos encontros de catequese mais celebrativos e orantes) e celebrações catequéticas (momentos específicos na vida da comunidade em que os iniciandos e catequistas sejam protagonistas – ex.: funções específicas nas celebrações, os ritos de passagem que marcam o itinerário da catequese de inspiração catecumenal, etc).
Outro fator que contribui para que as crianças, adolescentes e jovens não participem da celebração é a ausência de seus pais e responsáveis nelas – por isso a necessária proximidade do catequista junto à família.
Outro grande desafio é a frequente falta dos iniciandos aos encontros de Catequese.  O Iniciando “turista”, ou seja, aquele que aparece de vez em quando, o catequista recebe com alegria e demonstra que ela fez falta, pergunta se aconteceu alguma coisa para que ele estivesse faltando, se está tudo bem, etc. Talvez seja necessário conversar em particular.
 Não negligencie a administração dos sacramentos, considerando esses iniciandos “turistas” ou “faltantes” prontos para celebrar os sacramentos. É preciso deixar claro, desde o início do processo de catequese que é participando dos encontros e das celebrações, que se é preparado para receber os sacramentos, se isso não ocorre, os sacramentos ficam para quando a catequese estiver sendo levada a sério.
 No caso de crianças e jovens, a proximidade dos pais e responsáveis é aqui novamente necessária. Se o catequista os conhece e já os visitou, têm uma possibilidade maior de aproximar-se deles e ver o que está acontecendo para que o iniciando esteja faltando nos encontros.
O catequista pode visitar a casa dos iniciandos “faltantes”, mas também precisa valorizar os que participam assiduamente dos encontros.
A grande questão que o catequista precisa fazer é: Por que meus iniciandos estão faltando aos encontros? Pode ser que a resposta seja simplesmente porque eu preciso promover encontros de catequese mais dinamizados para que meus iniciandos gostem de participar.
Outro grande desafio que atinge diretamente os catequistas de crianças e adolescentes, mas também de vários jovens, é o fato de que muitos pais, familiares e responsáveis não apoiam a catequese. Vários catequistas apontam isso como um dos maiores desafios! Pelo minha experiência, a maioria que diz isso, porém, nunca visitou seus iniciandos em suas casas e boa parte ainda não conhece os pais e responsáveis pelos iniciandos. Os problemas estão interligados. Muitos pais não se importam com a catequese. Colocam seus filhos lá por tradição, porque alguém indicou, para que a criança “dê sossego em casa”, etc. Os catequistas podem ajudá-los na conscientização de seu papel como aqueles que são também responsáveis pela evangelização de seus filhos.
Uma boa iniciativa são os chamados encontros de pais (diferentes de reunião de pais – no estilo reunião de pais e mestre da escola). Aqui não se reúne para discutir comportamento, aprendizagem, etc. Reúne-se para um momento de formação e convivência. Contato com as Sagradas Escrituras e temas que dizem respeito à educação da fé e aos valores da família. Outras propostas como festa das famílias, momentos de oração familiar também ajudar a superar essa lacuna. Entretanto, as visitas são ainda a melhor e mais eficiente maneira de aproximar-se dos pais para ganhar seu apoio, confiança e amizade. O catequista precisa esforçar-se para tal atitude.
Outro desafio: Catequistas despreparados. As formações e as reuniões do grupo de catequistas são caminhos para solucionar esse problema. Esse é um desafio que deve ser enfrentado por toda a comunidade, particularmente pelo grupo de catequistas em comunhão e em atitude de aprimoramento. Todos precisam com humildade perceber que estamos sempre em formação. Ninguém está feito, formado, acabado, há sempre mais o que aprender. Valorizar a experiência dos mais velhos, o conhecimento de outros membros do grupo de catequistas que pode ser partilhado com os demais, são sinais de maturidade do grupo.
Só boa vontade não faz a Catequese acontecer...as lideranças da comunidade precisam estar atentas às situações em que só a disponibilidade, não aliada as condições mínimas ou a falta de interesse por formar-se são a postura de alguns catequistas que precisam ser orientados. 
Material didático ruim é outro desafio. Atualmente há muitos materiais bons e outros nem tanto assim... Grande parte segue o estilo catecumenal e propõe celebrações de acordo com o RICA (Ritual de Iniciação Cristã de Adultos).  Um bom material contempla os conteúdos essenciais da fé, ou seja, o símbolo, os sacramentos, os mandamentos, o pai-nosso e a História da Salvação (Primeiro Testamento, Segundo Testamento e história da Igreja nascente), tendo como centro o Mistério Pascal.
Porém, os materiais didáticos não são como receita de bolo. “Você segue o esquema e está tudo certo”, não! Eles são materiais de apoio... precisam ser adaptados, revistos e adequados à realidade de cada turma. Se não forem usados com cautela, ao invés de ajudarem no processo de catequese, vão acabar por atrapalhar os encontros.
A falta do apoio do padre e/ou da comunidade é ainda outro desafio. É muito triste quando uma comunidade ou um padre não apoiam a catequese... Quando o desafio for só um deles (ou só a comunidade ou só o padre), o melhor a fazer é pedir ajuda à outra parte para despertar na comunidade ou no padre o interesse pela catequese. Não é uma situação fácil, principalmente quando o apoio não vem das duas partes. Porém, os catequistas não devem também agir como quem esperam um milagre, uma “atenção” ou que façam algo que pode até estar dentro do alcance deles. Uma atitude passiva, apática não ajuda em nada! O negócio é “pôr as mãos à obra” e com educação procurar a comunidade ou o padre e dizer que sentem muito por não perceberem o apoio deles à causa da catequese da comunidade. O diálogo fraterno é a melhor solução para esse problema. Os catequistas, precisam manifestar sua vontade de ter a presença do padre ou da comunidade entre eles e saber pontuar claramente o que esperam deles. 

Texto de João Melo originalmente publicado em Revista Digital Sou Catequista, edição 8, ano 3, janeiro/2015, págs, 16-31. 

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