domingo, 19 de outubro de 2014

O que ficou do Sínodo das Famílias?

Desde o início, era sabido de todos que o sínodo não tinha pretensão de fazer nenhuma mudança doutrinal. Não é para isso que um sínodo serve. O seu objetivo era enfrentar os desafios pastorais que a Igreja encontra no anúncio do Evangelho da Família nos dias de hoje.

Normalmente,  um sínodo faz "proposições" ou propostas sobre o tema em discussão e depois as apresenta para o papa que através de um documento (uma exortação apostólica pós - sinodal) dá a palavra final sobre o assunto. Com esse sínodo foi diferente. O que ficou desse sínodo foi um "Relatório" que será usado pelos bispos do mundo inteiro como objeto de estudo até o sínodo do ano que vem (2015), onde o "drama" das discussões continua.


Comparado ao texto do "Relatio Post Disceptationem", que era o texto de trabalho ou o "rascunho" do relatório final do Sínodo, esse texto final é menos propositivo. Apesar de destacar os valores da família cristã e valorizar as famílias que vivem a fidelidade ao ensinamento da Igreja, o texto que foi votado pelos bispos que participaram do sínodo, tratou muito pouco dos assuntos mais "polêmicos" dentre os desafios atuais. Um pena. 

 Mas, pela primeira vez, ficou claro que sobre várias questões, não havia consenso ou unanimidade entre os bispos. O processo foi transparente. Talvez seja justamente isso o grande legado desse sínodo convocado pelo papa Francisco: a transparência nas discussões.

Uma mudança que conseguiu passar pelo crivo dos padres sinodais é a necessária atualização da linguagem. Deixa-se de usar a expressão "lei natural", por exemplo, para se falar agora em "ordem da criação". Temos certeza que essa mudança facilitará o diálogo das posições da Igreja com o mundo ao propor o Evangelho da Família. 

A dicotomia entre a prática da comunhão dos "recasados" e os ensinamentos do Magistério continua. A pouca orientação pastoral no que se refere as pessoas em uniões homoafetivas e a educação da fé das crianças adotadas por essas pessoas ainda permanecem. 

Agora, nos resta esperar 2015.

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