Olho daqui de cima com a flanela na mão, da janela dos
andares desse prédio, dos vidros que serão olhados se eu limpei. É a aparência
o que importa! Gostam do esmero exterior. Eu limpo a sujeira deles.
Flanela agitada flamejando velozmente na transparência do
vidro. O sol bate forte e alaranjante enquanto esfrego para me livrar de toda a
sujeira que impede que eu veja além...O que vejo do outro lado? Vejo no meu
reflexo o suor pingar-me qual água pura de bica. Água transformada em vinho,
fez meu Jesus. Suor e calor transformados em pão para os filhos, faz a
doméstica milagrosa.
Aquele tecido
inquieto, com movimentos tão perfeitos, meticulosamente ordenados são uma
verdadeira sinfonia tocada à transparência do vidro. Toda limpeza de vidro é
uma orquestra. Toda Faxineira é Maestra. E o som do pano esfregado contra a
superfície lisa é canto dia e noite Cinderella que não chora, mas esfrega.
Socorre-me de minha mesquinhez e abana-me tua flamula benta,
ó Santas Mulheres!
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