sábado, 24 de setembro de 2011

A Catequese Sacramental no relato da mulher pecadora


É função da catequese explicar a natureza dos sacramentos e seus efeitos sobre nós. Contudo, isso nem sempre é feito da melhor maneira, pois muitos catequistas ainda encontram-se despreparados para tal função. É pela Sagrada Escritura que melhor conseguiremos compreender – e, portanto viver- os sacramentos. A Bíblia trata do assunto mais do que muitos de nós acreditamos. Para dar um exemplo, convido você a reler o texto de Lucas 7, 36-50 sob outra prespectiva, vamos procurar encontrar os sinais sacramentais do texto. Trata-se do relato da mulher pecadora. Aliás, a única coisa que sabemos sobre ela é isso, que é pecadora (Lc 7, 37) – o texto não menciona sua idade, seu nome, qual pecado tinha cometido, se era casada, etc. Lucas tem seu foco na realidade de pecado.
O que faz a mulher pecadora quando entra onde estava Jesus? Chorando, lavou com suas lágrimas (Lc 7, 38.44) e ungiu com perfume de mirra os pés de Jesus (Lc 7, 38.46). E Jesus, o que faz? A perdoa e a resgasta, a salva (Lc 7, 48-50). Nossa atenção deve-se deter agora sobre o que podemos encontrar dos nossos sacramentos nessa leitura.
Nossa realidade é a mesma daquela mulher, o pecado. Nascemos manchados pelo pecado original e necessitados da graça de Deus. Precisamos, como essa mulher, adentrar onde Jesus está (cf. Lc 7, 36-37), buscá-lo, segui-lo, ser iniciado na fé, nesse sentido, a catequese é grande expressão de fé e adesão a Jesus Cristo. A mulher ao encontar Jesus chorou, suas lágrimas derramadas prefiguram as águas do batismo, pelas quais ela foi purificada e perdoada de seus pecados (cf. Lc 7, 48). Ela também ungiu com perfume os pés de Cristo (Lc 7, 38. 46). Quando é que somos ungidos? Na própria celebração do batismo, quando somos ungidos com o óleo dos catecúmenos (ainda não batizados) e também, dentre outras unções, no sacramento da Confirmação – ou Crisma. A unção do Crisma nos convida a difundir “o bom perfume de Cristo” (2Cor 2,15). É por esse sacramento que somos confirmados na fé, na mesma que o texto diz ter salvado a mulher (Lc 7, 50). Ao despedir a mulher, Jesus se dirige a ela dizendo “Vai em Paz” (Lc 7, 50), com esse gesto Jesus resgata a dignidade daquela mulher, a salva. O bispo, por sua vez, após ungir o crismando o diz que “a paz esteja contigo!”, sinbolizando a união do fiel com a Igreja de Cristo.
Podemos a partir do texto e da nossa realidade quanto aos sacramentos estabelecer como itinerário que existe uma realidade de pecado que é purificada no sinal da água pela graça de Cristo. Depois, pelo sinal da unção somos mais profundamente ligados a Cristo, nosso Salvador, pelo dom da fé.
É primordial que o catequista consiga conduzir seus catequizandos a uma leitura da Sagrada Escritura em que possam identificar os sinais (sacramentos) da atuação de Cristo para que compreendam-os em suas próprias vidas.