segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Eu, o Ônibus e o Pastor

Ainda a pouco, estava eu de pé, lendo, como de costume, dentro de um ônibus, quando entra um senhor, vestino de terno e gravata e Bíblia na mão. Abre seu livro Sagrado e começa seu discurso discorrendo sobre um trecho do Evangelho de Marcos. O homem têm vontade de falar. Admiro sua coragem, fala com veemência. As palavras "Amém" e "Aleluia" permeiam todo o seu discurso. Chama-me a atenção quando ele, depois de exortar todo o ônibus da importância de sermos batizados e encontrarmos Jesus, ele diz: " Procure uma Igreja onde se prega o Evangelho!". De imediato pensei: " Que Igreja será essa?" Certamente, para ele sua Igreja, assim como para mim a minha. Mas o que realmente me chamou a atenção foi o fato dele não ter feito nenhuma referencia a qualquer Igreja. Pensei: "Puxa que legal! Alguém que sabe que o Evangelho não se limita apenas a seu grupo, sua Igreja!" E de novo ele repetiu a mesma frase. Depois de mais um tempo falando, ele concluiu seus dizeres com mais ao menos essas palavras: "Então se hoje você ainda acredita em Buda, Sto. Expedito, na Virgem Maria ou em São Tomé, saiba que só Jesus salva, só a Ele foi dado todo o poder na terra, só Ele pode perdoar seus pecados...".
Naquele momento olhei para ele e me calei. O que vi foi um homem com fé pura, mas limitada. Uma fé emotiva mas não inteligente. Faltou a este homem conhecimento sobre a fé que tão ardentemente abraçara. Talvez uma catequese incompleta, falta de aproximação da Igreja, uma decepção talvez, quem sabe bem o que. O fato é que aquele homem não sabia sobre o que estava falando. Esse é o grande problema. Ele tinha boa vontade, mas não tinha adquirido meios ainda para pregar o que acreditava. Duvido muito que havia algum budista no ônibus, parecia que ele queria colocar Buda, os santos e a Virgem na mesma salada religiosa. Sto. Expedito foi martir, morreu pela sua fé em Jesus, o mesmo que como nos disse o homem que mistura santos e Buda, perdoa os nossos pecados. Maria é a Cheia de Graça (cf. Lc 1,28), a Mãe de Jesus. O mesmo Jesus que como disse nosso irmão separador, nos salva. São Tomé foi discípulo de Jesus (cf. Jo 20, 24-27), deu a vida pelo que, como disse o pregador no ônibus, tem todo o poder na terra. Por isso essas pessoas são honradas e veneradas, por terem vivido exatamente aquilo que o senhor pastor tentava nos convidar a viver.
Que todos nós possamos ter essa mesma vontade de evangelizar, mas que possamos antes nos preparar dignamente.