sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

A confusão do Kalendas de Natal no folheto Paulus

A editora Paulus publicou folheto da Missa de Natal com alterações no tradicional texto da Kalendas - anúncio do Natal e isso está dando o que falar.

A maior parte das críticas ao Kalendas paulino se referem a menção de elementos e personagens de religiões e tradições culturais não cristãs.
Veja como ficou o folheto depois da adaptação do Anúncio:


O texto é inoportuno. E não é pelas menções extra ecclesia. Sobre isso, parece que um comunicado da editora já explicou o que qualquer católico com mais do que a catequese de primeira eucaristia já sabe: O texto, assim como o original em latim, faz menções não só à história bíblica - o original menciona a cultura romana -. A adaptação buscou incluir também a história antiga de outras culturas orientais e ameríndias.

E por que a inclusão?
O Concílio Vaticano II admite “elementos de Verdade e graça” e “sementes do Verbo”, para além das culturas judaico-cristãs (cf. Decreto Ad Gentes 9 e 11).

E mais. A Kalendas da editora paulina não faz "caldo religioso", equiparando Jesus com líderes espirituais e religiosos de outras tradições. No texto sobressai a centralidade da Pessoa de Jesus, homem e Deus. Tudo o mais presente no texto do Anúncio de Natal está em referência a Ele. Nesse sentido, o Kalendas favorece uma compreensão de que Jesus encarnado redime toda a humanidade e redimensionar as diversas experiências religiosas da humanidade.

Mas então por que o texto é inoportuno? Simples! Porque a grande parte das comunidades que usam os folhetos da Paulus desconhecem esses novos elementos inseridos no texto. Pergunte lá na sua comunidade quem foi Lao-Tsé e verá a resposta...

Pensando nisso, decidimos ajudar você e sua comunidade que vão celebrar a Missa de Natal com o folheto da Paulus, fornecendo alguns pontos interessantes para reflexão das controvertidas partes do Kalendas:

1) "Enquanto, no México, os ameríndios construíam a cidade dos deuses": Gente, aqui com certeza é Tenochtitlan (hoje Cidade do México), fruto da cultura Asteca. É desse meio que nascerá depois a devoção à Virgem de Guadalupe, por meio do ameríndio São Juan Diego. 

2) "Seiscentos anos depois que o Espírito de Deus revelava o brilho de seu esplendor na China a Lao-Tsé": Lao-Tsé é um sábio oriental que fundou a tradição religiosa taoísta. Nesse ano o Vaticano assinou junto com líderes espirituais do Taoísmo um documento em que ambas as religiões comprometem-se a conscientizar seus adeptos sobre a "importância de educar as crianças ao respeito, apreciando a cultura e o patrimônio próprios, bem como a do outro". Veja mais aqui: http://br.radiovaticana.va/news/2016/10/17/encontro_em_taiwan_diálogo_cristão-taoísta_seja_farol_luz/1265693

3) "Na Índia, a Buda, o Iluminado": Buda deu origem ao bem conhecido Budismo. Já é tradição que anualmente o Vaticano envie uma mensagens aos "amigos budistas" por ocasião das festividades da vida de Buda. E os textos não têm medo de afirmar que Buda passou por um processo de "iluminação", como você pode ver na mensagem desse ano de tema ecológico: http://press.vatican.va/content/salastampa/it/bollettino/pubblico/2016/05/06/0320/00736.html

4) "E, no Ocidente, inspirava a sabedoria grega": Aqui estamos falando da Filosofia... Sócrates, Platão, Aristóteles e companhia. São Justino em sua obra Apologia afirma: "Sócrates foi um cristão assim como Abraão, ainda que ele não o conheceu"