sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O que aprendemos com os Pastores que viram Jesus nascer?


"Nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado"(Is 9,5)
Os pastores receberam o anúncio do Anjo que dizia: «Nasceu-vos hoje, na cidade de Davi, um Salvador, que é o Messias Senhor» (Lc 2, 11). Desde então, Jesus Cristo se fez presente, O Emanuel - Deus conosco. Ele está no meio de nós!(Cf. Mt 28,20). É preciso que como os pastores, sejamos vigilantes e permitamos que o menino-Deus nasça também em nossos corações e não só no Natal, mas em todos os dias. Porém, como é possível fazer isso?? Ora, a resposta nos é dada pelos próprios pastores que receberam o anúncio!O que eles fizeram quando souberam da grande alegria do nascimento do menino-Deus? "Disseram entre si: Vamos a Belém! Vamos ver este acontecimento que o Senhor nos anunciou" (Lc 2,15). Aí esta o segredo, a chave para a nossa pergunta. Eles saíram "com toda a pressa" (Lc 2,16) e foram ao encontro de Jesus. Será que nós também saímos com toda a pressa em busca de Jesus, ou será que só temos pressa para as coisas do mundo, deixando Jesus em segundo lugar?? Devemos, de fato, ter o Tempo de Deus como prioridade em nossas vidas. Assim, seguramente, estaremos no caminho certo rumo á vida eterna.

O Natal nos lembra também, o fato de Jesus ter nascido pobrezinho em um estábulo, numa manjedoura (cf.Lc 2,12). Mas o que isto realmente significa? O Ofício da Imaculada Conceição, uma oração belíssima rezada pela piedade popular brasileira, nos traz duas invocações á Virgem Maria que podem nos ajudar a entender as circunstâncias do nascimento de Jesus. Uma delas diz: "Deus vos salve, Relógio que, andando atrasado, serviu de sinal ao Verbo Encarnado. Para que o homem suba às sumas alturas, desce Deus dos céus para as criaturas." Nesta invocação Maria é representada pelo relógio, pelo qual é indicado que o Sol teria parado, segundo um episódio bíblico (cf.2Rs 20,8-11;Is 38,7-8). O fato do Sol, que aqui representa Jesus, parar, ou atrasar indica que "O Verbo se humilhou, tomando a forma de servo" (cf.Fl 2,7). Ainda comparando Jesus ao Sol, podemos ver a outra invocação que nos diz: "Com os raios claros do Sol da Justiça, resplandece a Virgem dando ao Sol cobiça". Assim, Mesmo Jesus sendo Deus, encarnou-se e tornou-se humano, sendo o menino-Deus; E sua Mãe, a qual os pastores também se dirigem (Lc 2,16), resplandece como a primeira entre os crentes.

Outro fato que podemos apontar é a distância da manjedoura de Jesus. Como assim? Os pastores estavam já ali perto(Lc 2,8), não demoraram muito, como vimos, a chegar ao menino. Mas, por que estavam tão perto? E nós será que estamos perto como eles do menino-Deus? Os pastores eram pessoas simples e humildes de coração, por isso eram quase "vizinhos" de Jesus, que também como vimos, ao nascer, humilhou-se a si mesmo. Note também, que os Sábios do Oriente, os Reis Magos, pessoas de renome da época chegaram bem depois(Mt 2,1.9). Não que para eles fosse impossível chegar a Jesus! Mas que nós possamos entender que quanto menos humildes e simples de corações fomos, mais distantes estaremos da manjedoura do menino-Deus e mais difícil será chegar até Ele. É como se os nossos corações fossem feitos de pedra e não de palha, macia como a da manjedoura de Jesus. Por isso, rezemos junto com o Papa:


Senhor Jesus Cristo, Vós que nascestes em Belém, vinde a nós! Entrai em mim, na minha alma. Transformai-me. Renovai-me. Fazei que eu e todos nós, de pedra e madeira que somos, nos tornemos pessoas vivas, nas quais se torna presente o vosso amor e o mundo é transformado. TRECHO DA HOMILIA DO SANTO PADRE BENTO XVI. Basílica Vaticana, 24 de Dezembro de 2009.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Uma Maneira diferente de entender o Dom de Línguas


No momento de receber o Espírito Santo, em Pentecostes, os discípulos estavam unidos em oração, com Maria, a mãe de Jesus (cf. At 1,14 ; At 2,1-12). Os apóstolos eram medrosos e pouco corajosos. Eram como nós, indignos e incapazes de levar adiante a missão tão importante deixada por Jesus (cf. Mt 28, 19-20); Mas quando se abriram ao Espírito Santo, Ele os impeliu e eles puderam falar em uma linguagem de modo que todos os que os ouviam, “judeus devotos de todas as nações que há debaixo do céu” (At 2,5) e outros tantos povos de diferentes culturas ali presentes (cf. At 2, 9-11a), todos exclamavam que “ nós os ouvimos pregar em nossas próprias línguas as Maravilhas de Deus” (At 2,11). O Dom de Línguas pode ser entendido aqui como a globalização do amor, consiste em saber falar aos corações das pessoas, de todas as raças, de todas as línguas, cor, sexo, grupo social ou religioso, o idioma da Verdade: Jesus Cristo. Esse dom nos permite falar desta grande Verdade com um banqueiro, um pedreiro, um doente, um funcionário público, uma dona de casa, a um universitário, a uma criança ou a um sacerdote de modo que todos entendam. O projeto de Deus é que sejamos “um só coração e uma só alma” (At 4,32), que sejamos unidos em Cristo, mas com a nossa rica diversidade cultural. Em um mundo cada vez mais interligado pelos meios de comunicações – especialmente os via satélite e via internet – mas onde também cada vez mais reina o individualismo e o egoísmo, que vão contra o projeto do Espírito Santo, em Pentecoste, de amor e união entre os povos, que possamos, nós, fazer a diferença, com a força do Espírito Santo Paráclito, ser anunciados universais –católicos- de Jesus Cristo, “Caminho, Verdade e Vida” (Jo 14,6). É preciso tomar cuidado com a nossa linguagem, pois quantas vezes falamos uma coisa e as outras pessoas não entendem? Ou, quantas vezes não enfrentamos situações de confusão por uma palavra mal dita? Já nos dizia João Paulo I : “É preciso saber falar com carinho ao nosso interlocutor na sua própria linguagem e depois, pouco a pouco, o iremos trazendo, suavemente, ao nosso terreno.” Evangelizar é “fazer-se tudo para todos, para ganhar a todos” (I Cor 9,22). Esse é o Dom de Línguas que tanto precisamos aprender, a linguagem universal do amor.