quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Desdobramentos pastorais da Exortação Amoris Laetitia para a Igreja no Brasil


Introdução 
A Igreja no Brasil, ciosa de acolher as intuições da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Laetitia do papa Francisco e de integrá-las às Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja, sente-se chamada a “cuidar com amor da vida das famílias, porque elas não são um problema, são sobretudo uma oportunidade” (AL 7), mesmo aquelas que participam de modo imperfeito na vida da Igreja (cf. AL 78), pois, por mais ferida que possa estar uma família, ela pode sempre crescer a partir do amor (cf. AL 53). 
Diante da complexidade dos temas tratados pelos dois sínodos sobre a família, os padres sinodais afirmaram “a necessidade de continuar a aprofundar, com liberdade, algumas questões doutrinais, morais, espirituais e pastorais” (AL 2). Sendo que destas, “nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas através de intervenções magisteriais” (AL 3). “A reflexão dos pastores e teólogos – se for fiel à Igreja, honesta, realista e criativa – ajudar-nos-á a alcançar maior clareza” (AL 2) e estabelecer “caminhos pastorais que nos levem a construir famílias sólidas e fecundas segundo o plano de Deus” (AL 6).
Por essa razão, professando que “o anúncio cristão que diz respeito à família é deveras uma boa notícia” (AL 1), queremos assumir uma criatividade missionária (cf. AL 57) para atender o chamado do papa Francisco que diante da “necessidade de desenvolver novos caminhos pastorais” (AL 201), convoca as diversas comunidades para estabelecerem propostas mais práticas e eficazes, que tenham em conta tanto a doutrina da Igreja como as necessidades e desafios locais (cf. AL 199). 

A vida e a missão da comunidade paroquial 
A paróquia é uma família de famílias (cf. AL 87), “onde se harmonizam os contributos das pequenas comunidades, movimentos e associações eclesiais” (AL 202) num “esforço evangelizador e catequético dirigido à família” (AL 200).
As organizações eclesiais, impregnadas pela consciência do estado permanente de missão (cf. DGAE 2015-2019, n. 38) que necessariamente leva a ação evangelizadora, assumem também uma dimensão de educação da fé. São exemplos o acompanhamento feito às gestantes e às famílias por grupos eclesiais como a Pastoral da Criança, podem suscitar a consciência de que “as mães transmitem, muitas vezes, também o sentido mais profundo da prática religiosa: nas primeiras orações, nos primeiros gestos de devoção que uma criança aprende (...). Sem as mães, não somente não haveria novos fiéis, mas a fé perderia boa parte do seu calor simples e profundo” (AL 174). Do mesmo modo, iniciativas eclesiais como a Pastoral do Idoso podem contribuir na proposta de uma catequese Intergeracional uma vez que “as histórias dos idosos fazem muito bem às crianças e aos jovens, porque os ligam à história vivida tanto pela família como pela vizinhança e o país” (AL 193). 
Merecem atenção especial os casais afastados da vida da Igreja que voltam a aparecer, por exemplo, no batismo dum filho, na Primeira Eucaristia, ou quando participam num funeral ou no casamento dum parente ou amigo. Poder-se-ia aproveitar melhor essas ocasiões para anunciar o Evangelho de Cristo e tornar a propor-lhes, de forma atraente, o
ideal do matrimônio cristão e aproximá-los dos espaços de acompanhamento eclesial (cf. AL 216; 230).

Missão educativa da família
“A Igreja é chamada a colaborar, com uma ação pastoral adequada, para que os próprios pais possam cumprir a sua missão educativa; e sempre o deve fazer, ajudando-os a valorizar a sua função específica e a reconhecer que quantos recebem o sacramento do matrimônio são transformados em verdadeiros ministros educativos, pois, quando formam os seus filhos, edificam a Igreja e, fazendo-o, aceitam uma vocação que Deus lhes propõe” (AL 85). A exortação Amoris Laetitia insiste em três aspectos que a família é chamada a compartilhar para fazer crescer o amor e tornar-se cada vez mais um templo onde habita o Espírito (cf. AL 29): 1) A oração 
A oração em família é um meio privilegiado para exprimir e reforçar a fé. Podem-se encontrar alguns minutos cada dia para estar unidos na presença do Senhor vivo (cf. AL 318). “É fundamental que os filhos vejam de maneira concreta que, para os seus pais, a oração é realmente importante” (AL 288). Por isso, as várias expressões da piedade popular são um tesouro de espiritualidade para muitas famílias (cf. AL 318) e podem ter mais força evangelizadora do que todas as catequeses e todos os discursos (cf. AL 288). Além de criar espaços semanais de oração familiar, convém incentivar cada um dos cônjuges a reservar momentos de oração a sós diante de Deus, porque cada qual tem as suas cruzes secretas (cf. AL 227).
2) A leitura da Palavra de Deus 
“A Palavra de Deus é não só uma boa nova para a vida privada das pessoas, mas também um critério de juízo e uma luz para o discernimento dos vários desafios que têm de enfrentar os cônjuges e as famílias” (AL 227). Por isso, toda família deve deixar-se moldar interiormente através da leitura orante e eclesial da Sagrada Escritura (cf. AL 227). Mesmo o diálogo familiar é enriquecido quando a família se alimenta com frequência da leitura e da reflexão pessoal da Bíblia (cf. AL141).
3) A comunhão eucarística
No ambiente familiar, “o caminho comunitário de oração atinge o seu ponto culminante ao participarem juntos na Eucaristia, sobretudo no contexto do descanso dominical”. “O alimento da Eucaristia é força e estímulo para viver cada dia a aliança matrimonial como igreja doméstica” (AL 318). Desse modo, o espaço vital duma família transforma-se em local da Eucaristia, da presença de Cristo sentado à mesma mesa: “Olha que Eu estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, Eu entrarei na sua casa e cearei com ele e ele comigo” (Ap 3,20)” (cf. AL 15). 
“A transmissão da fé pressupõe que os pais vivam a experiência real de confiar em Deus, de O procurar, de precisar d’Ele, porque só assim “cada geração contará à seguinte o louvor das obras de Deus e todos proclamarão as Suas maravilhas” (Sl 145/144, 4)” (AL 287). Por isso, também é bom incentivar os pais à confissão frequente, à direção espiritual e à participação em retiros espirituais (cf. AL 227). Com efeito, a educação da fé dos filhos adapta-se a cada fase da vida e a cada filho porque os recursos aprendidos ou as
receitas às vezes não funcionam. Não obstante, é bom ter em conta que as crianças precisam de símbolos, gestos e narrações enquanto com os adolescentes é conveniente estimular experiências pessoais de fé e oferecer-lhes testemunhos luminosos que se imponham simplesmente pela sua beleza (cf. AL 228). Urge valorizar os casais, as mães e os pais, como sujeitos ativos da catequese (cf. DGAE 2015-2019, 90). De grande ajuda é a catequese familiar, enquanto método eficaz para formar os pais jovens e torná-los conscientes da sua missão como evangelizadores da sua própria família (cf. AL 287). 

Iniciação à vida cristã
“A catequese de inspiração catecumenal a serviço da iniciação à vida cristã fundamentase na centralidade do querigma ou primeiro anúncio na missão da Igreja” (DGAE 20152019, n. 44). “Diante das famílias e no meio delas, deve ressoar sempre de novo o primeiro anúncio, que é o mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, mais necessário e deve ocupar o centro da atividade evangelizadora” (AL 58). No processo de iniciação à vida cristã, a família também é destinatária do anúncio querigmático. Portanto, é preciso propor itinerários de iniciação à vida cristã que sejam, ao mesmo tempo, catequese familiar, sobretudo na catequese com crianças. Além dos encontros familiares que não são ‘reuniões de pais’ aos moldes escolares, a comunidade paroquial pode ter outras iniciativas como a participação ativa de pais e padrinhos nos diversos ritos que marcam as etapas e os tempos da catequese de estilo catecumenal propostos pelo Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (RICA) e pelo Itinerário Catequético da CNBB.  
A instituição do Ministério dos Introdutores formado pelos mais diversos grupos paroquiais enquanto figuras acolhedoras, pode desempenhar um papel precioso de apoio às famílias, a começar pela iniciação cristã (cf. AL 84; 206). “As comunidades cristãs são chamadas a dar o seu apoio à missão educativa das famílias, particularmente através da catequese de iniciação. Para favorecer uma educação integral, precisamos reavivar a aliança entre a família e a comunidade cristã” (AL 279). No período do pré-catecumenato, os introdutores acompanham de forma pessoal e personalizada as famílias daqueles que estão implicados no caminho de iniciação à vida cristã para testemunhar e anunciar o querigma.
De fato, mais do que um conteúdo do primeiro tempo do itinerário catecumenal de iniciação cristã, o querigma é o fio condutor (cf. DAp 278) que permeia todo processo de evangelização. “É o anúncio principal, aquele que sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, duma forma ou doutra. Porque nada há de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e mais sábio que esse anúncio e toda a formação cristã é, primariamente, o aprofundamento do querigma” (AL 58; 290). “O nosso ensinamento sobre o matrimônio e a família não pode deixar de se inspirar e transfigurar à luz deste anúncio de amor e ternura, se não quiser tornar-se mera defesa duma doutrina fria e sem vida” (AL 59).
É proveitoso permear os itinerários de iniciação à vida cristã de liturgias, práticas devocionais salutares, novenas, círculos bíblicos, encontros de leitura orante da Bíblia, bênçãos das casas, visitas duma imagem da Virgem, Eucaristias e outras iniciativas que a criatividade missionária sugerir que sejam celebradas com as famílias (AL 223; 230). 

Um itinerário de catequese com noivos 
Durante o caminho sinodal “evidenciou-se a necessidade de programas específicos de preparação próxima para o matrimônio que sejam verdadeira experiência de participação na vida eclesial e aprofundem os vários aspectos da vida familiar” (AL 206) e que também incluam a contribuição de profissionais que podem ajudar a encarnar as propostas pastorais nas situações reais e nas preocupações concretas das famílias (cf. AL 204). “Nesta pastoral, tem grande importância a presença de casais de esposos com experiência” (AL 223). 
Nesse sentido, propostas que se limitam a palestras em algumas horas de um “curso de noivos” dificilmente “inicia” ao matrimônio. Parece oportuno propor que grupos de noivos (cf. AL 208) façam juntos um itinerário rumo ao matrimônio. O número 224 da exortação Amoris Laetitia possuí elementos que podem fornecer alguns princípios de inspiração para a dinâmica desse itinerário: dialogar, expressar afeto (abraçar), partilhar projetos, escutar-se, apreciar (olhar nos olhos) e fortalecer a relação.
Nesse caminho, “interessa mais a qualidade do que a quantidade, devendo-se dar prioridade – juntamente com um renovado anúncio do querigma – àqueles conteúdos que, comunicados de forma atraente e cordial, os ajudem a comprometer-se num percurso da vida toda com ânimo grande e liberalidade (...) e iniciar com uma certa solidez a vida familiar” (AL 207). “Mas não seria bom chegarem ao matrimônio sem ter rezado juntos, um pelo outro, pedindo ajuda a Deus para serem fiéis e generosos, perguntando juntos a Deus que espera deles, e inclusive consagrando o seu amor diante duma imagem de Maria. Quem os acompanha na preparação do matrimônio deveria orientá-los para que saibam viver estes momentos de oração, que lhes podem fazer muito bem” (AL 216). “Entretanto são indispensáveis alguns momentos personalizados, dado que o objetivo principal é ajudar cada um a aprender a amar esta pessoa concreta com quem pretende partilhar a vida inteira” (AL 208). 
As dioceses poderiam recolher as propostas e itinerários de encontros com noivos para um estudo da CNBB de modo que possam ser estabelecidos itinerários que ofereçam uma formação adequada que, ao mesmo tempo, não afaste os jovens do sacramento (cf. AL 207). Convém, ainda, uma criatividade missionária para celebrar o dia dos namorados.

Recém-casados e jovens casais
As comissões da família, catequese e liturgia poderiam propor experiências mistagógico-celebrativas do Rito do Matrimônio com recém-casados para aprofundar o sentido do sacramento celebrado e do compromisso matrimonial (cf. AL 216). Com efeito, “o significado procriador da sexualidade, a linguagem do corpo e os gestos de amor vividos na história dum casal de esposos transformam-se numa continuidade ininterrupta da linguagem litúrgica e a vida conjugal torna-se de algum modo liturgia” (AL 215). Essas experiências celebrativas, adaptadas aos horários, à linguagem e à realidade dos jovens casais (cf. AL 36), podem constituir-se como oportunidade de vivência comunitária e já seriam propostas durante o itinerário de catequese com noivos. Para essas iniciativas poderiam ser mobilizados grupos que atuam junto as famílias, como o Encontro de Casais com Cristo e a pastoral familiar. Além disso, convém valorizar as Eucaristias celebradas com as famílias, sobretudo no aniversário de matrimônio (cf. AL 223).
Também é importante que “a Igreja ofereça espaços de apoio e aconselhamento sobre questões relacionadas com o crescimento do amor, a superação dos conflitos e a educação dos filhos” (AL 38) em que não só os presbíteros, mas também religiosos e religiosas, catequistas e outros agentes pastorais, sobretudo outros casais experientes estejam preparados para exercer esse ministério (cf. AL 202).

Situações familiares desafiadoras
Devido a variedade inumerável de situações familiares desafiadoras, a exortação Amoris Laetitia não propõe uma nova normativa geral de tipo canônico, aplicável a todos os casos (cf. AL 300), mas um discernimento pastoral e personalizado. Não se trata de apresentar uma normativa, mas de propor valores (cf. AL 201), “uma vez que o grau de responsabilidade não é igual em todos os casos” e “as consequências ou efeitos duma norma não devem necessariamente ser sempre os mesmos” (AL 300). “Por isso, já não é possível dizer que todos os que estão em uma situação chamada “irregular” vivem em estado de pecado mortal, privados da graça santificante” (AL 301). 
Faz-se necessário propor um itinerário de acompanhamento e discernimento que oriente os fiéis na tomada de consciência da sua situação diante de Deus (cf. AL 300). Um itinerário é uma tarefa “artesanal”, pessoa a pessoa (cf. AL 16) porque também “o amor é artesanal” (AL  221). Com efeito, embora esse itinerário contenha momentos comunitários é fundamentalmente formado por etapas personalizadas de modo que “é possível acompanhar com misericórdia e paciência, as possíveis etapas de crescimento das pessoas, que se vão construindo dia após dia” (AL 308).

Princípios para um itinerário de discernimento:

1) Acolher com o coração o anúncio explícito do Evangelho. Na família deve ressoar o querigma que ilumina o caminho: o amor do Pai que nos sustenta e faz crescer, manifestado no dom total de Jesus Cristo, vivo no meio de nós, que nos torna capazes de enfrentar, unidos, todas as tempestades e todas as etapas da vida (cf. AL 290); De forma concreta, trata-se de um período adequado e privilegiado de catequese querigmática que pode ocorrer de forma personalizada com a ajuda de casais mais experientes ou de outros membros da comunidade preparados para essa tarefa, a exemplo do tempo do pré-catecumenato da catequese de iniciação à vida cristã.  

2) Tempo penitencial marcado pelo exame de consciência, através de momentos de reflexão e arrependimento (cf. AL 300). Esse tempo penitencial jamais pode prescindir das exigências evangélicas de verdade e caridade propostas pela doutrina da Igreja (cf. AL 300); Não se deve ter pressa para propor ou encerrar esse tempo penitencial que deve ser vivido como experiência de amadurecimento da fé e tomada de consciência das limitações da própria situação familiar diante das exigências do Evangelho. Se não constituir grande escândalo para a comunidade dos fiéis, pode-se propor alguns momentos penitenciais celebrativos em comum. A exortação Amoris Laetitia exemplifica alguns elementos para o exame de consciência dos divorciados novamente casados: questionar-se como se comportaram com os seus filhos, quando a união conjugal entrou em crise; se houve tentativas de reconciliação; como é a situação do cônjuge abandonado; que consequências têm a nova relação sobre o resto da família e a comunidade dos fiéis; que exemplo oferece ela aos jovens que se devem preparar para o matrimônio (cf. AL 300). 

3) Acompanhamento, diálogo e aconselhamento com o sacerdote, no foro interno, para a formação dum juízo correto sobre aquilo que dificulta a possibilidade duma participação mais plena na vida da Igreja e sobre os passos que a podem favorecer e fazer crescer (cf. AL 300). Os sacerdotes têm o dever de acompanhar as pessoas interessadas pelo caminho do discernimento segundo a doutrina da Igreja e as orientações do bispo (AL 300). Eles devem evitar juízos que não tenham em conta a complexidade das diversas situações em que as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição (AL 296). Também devem deixar espaço à consciência dos próprios fiéis, que muitas vezes respondem o melhor que podem ao Evangelho no meio dos seus limites e são capazes de realizar o seu próprio discernimento perante situações onde se rompem todos os esquemas. Os sacerdotes são chamados a formar as consciências, não a pretender substituí-las (cf. AL 37). “As portas dos sacramentos não deveriam se fechar por qualquer razão” (AL 300), portanto, esses colóquios entre o sacerdote e as pessoas em situações familiares desafiadoras, por vezes, podem culminar com o sacramento da Reconciliação uma vez que a previsibilidade duma nova queda não prejudica a autenticidade do propósito do penitente (cf. nota 364 AL 311). Com efeito, o auxílio sacramental é via privilegiada para o encontro com a Misericórdia de Deus.

4) Integração à vida e a missão da Igreja: convite a percorrer a via caritatis (cf. AL 290). A caridade fraterna é a primeira lei dos cristãos (cf. Jo 15, 12; Gal 5, 14). Não esqueçamos a promessa feita na Sagrada Escritura: “Acima de tudo, mantende entre vós uma intensa caridade, porque o amor cobre a multidão de pecados” (1 Ped 4, 8) (AL 306). A prática das obras corporais e espirituais de misericórdia são expressões da via caritatis (cf. AL 290). “Os batizados que se divorciaram e voltaram a casar civilmente devem ser mais integrados na comunidade cristã sob as diferentes formas possíveis, evitando toda a ocasião de escândalo” e não “só aos divorciados que vivem numa nova união, mas a todos seja qual for a situação em que se encontrem” (AL 297). “A sua participação pode exprimir-se em diferentes serviços eclesiais” (AL 299), “quer em tarefas sociais, quer em reuniões de oração, quer na forma que lhe possa sugerir a sua própria iniciativa discernida juntamente com o pastor” (AL 297). “Esta integração é necessária também para o cuidado e a educação cristã dos seus filhos, que devem ser considerados o elemento mais importante” (AL 299). Quanto àqueles que “constituem uma união que alcançou uma estabilidade notável por meio dum vínculo público – e se reveste de afeto profundo, responsabilidade pela prole, capacidade de superaras provações –, pode ser vista como uma oportunidade a encaminhar para o sacramento do matrimônio, sempre que este seja possível” (AL 78). “A Eucaristia, embora constitua a plenitude da vida sacramental, não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos. Estas convicções têm também consequências pastorais, que somos chamados a considerar com prudência e audácia” (EG 47; CF. nota 26 AL 300). De modo que, em certos casos, as pessoas em situações familiares desafiadoras poderiam receber também a ajuda do sacramento da Eucaristia (cf. nota 41 AL 305) para que possam crescer na vida da graça e da caridade.

Catequistas em situações familiares desafiadoras
Dentre as diversas formar possíveis de integrar as pessoas em situações familiares desafiadoras à vida e a missão da Igreja (cf. AL 299), o ministério da catequese aparece como possibilidade quer de própria iniciativa dessas pessoas, quer do convite do sacerdote ou dos membros da comunidade (cf. AL 297). Com efeito, se bem discernida a vocação e livre de escândalos, essas pessoas, mediante adequado acompanhamento, podem exercer o ministério de catequistas. De fato, pareceria contraditório recomendar a estas pessoas que façam todo o possível para educar os seus filhos na vida cristã, dandolhes o exemplo de uma fé convicta e praticada, e ao mesmo tempo, os mantermos à distância da vida da comunidade, como se estivessem excomungados (cf. AL 246). No entanto, é bom ter em conta que existem outras formas de participação em diferentes serviços eclesiais (cf. AL 299). “Obviamente, se alguém ostenta um pecado objetivo como se fizesse parte do ideal cristão ou quer impor algo diferente do que a Igreja ensina, não pode pretender dar catequese ou pregar e, neste sentido, há algo que o separa da comunidade (cf. Mt 18, 17). Mas, mesmo para esta pessoa, pode haver alguma maneira de participar na vida da comunidade” (AL 297).